PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Cirurgias de Reconstrução do Rebordo Orbitário em Fraturas de Crânio e Face

As Cirurgias Reconstrutivas do Rebordo Orbitário (região do globo ocular) em Cirurgia Craniomaxilofacial, são procedimentos cirúrgicos complexos realizados para restaurar a forma e a função da órbita ocular após trauma, tumor ou defeitos congênitos

Artigo - Cirurgias de Reconstrução do Rebordo Orbitário em Fraturas de Crânio e Face Crédito: Banco de imagens

As fraturas isoladas da parede orbital são responsáveis por aproximadamente 4 a 16% de todas as fraturas faciais, porém, se consideradas de forma conjugada às fraturas Naso-Órbito- Etmoidais (NOE) e de complexo Zigomático (CZ), representam de 30 a 55% de todas as fraturas faciais. Podemos dizer que são mais comuns no sexo masculino em comparação ao feminino, sendo que esse tipo de fratura é decorrente de traumas de moderada e alta energia, incluindo acidentes automobilísticos e desportivos, agressão física e quedas. A correção das fraturas em terço médio da face, sejam elas de modo primário ou secundário, são particularmente desafiadoras, em especial as de Órbita, devido a sua anatomia especifica. No escopo de sequelas/ complicações de fraturas orbitárias inadequadamente tratadas, estão inclusos fenômenos como:

- Enoftalmo,

- Telecanto traumático,

- Hipoftalmo,

- Perda da proeminência zigomática,

- Diplopia, dentre outros, sendo a maioria resultante de tamanho incorreto do implante ou de reposicionamento inadequeado das estruturas. Neste artigo, exploraremos em profundidade as Cirurgias de Reconstrução do Rebordo Orbitário, abordando aspectos relacionados à avaliação pré-operatória, técnicas cirúrgicas, materiais de enxerto, complicações e resultados esperados.

Avaliação Pré-Operatória:

Antes de realizar o procedimento cirúrgico para Reconstrução do Rebordo Orbitário é essencial realizar uma avaliação médica abrangente do paciente, incluindo a história clínica detalhada, exame físico minucioso e exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética. A avaliação pré-operatória visa determinar a extensão do defeito orbitário, avaliar a integridade dos tecidos circundantes e planejar a abordagem cirúrgica mais apropriada.

Técnicas Cirúrgicas:

Existem várias técnicas cirúrgicas disponíveis para reconstrução do rebordo orbitário, cada uma com suas indicações específicas e vantagens. As opções incluem enxertos autólogos, como osso do crânio, costela ou tíbia, enxertos aloplásticos, como polietileno poroso ou titânio, e enxertos combinados, sendo que a escolha da técnica depende do tamanho e localização do defeito, estado dos tecidos circundantes e preferências do cirurgião. Devido complexidade observada na maioria dos casos, pode haver necessidade de realizar cirurgias múltiplas para a correção da deformidade, assim como o envolvimento de outros especialistas no processo de tratamento. Assim sendo, a decisão e oportunidade de tratamento dependerá dos achados clínicos, radiológicos e da condição sistêmica, além das queixas do paciente

Materiais de Enxerto:

Os materiais de enxerto desempenham um papel crucial na reconstrução do Rebordo Orbitário, sendo frequentemente usados os Enxertos Autólogos devido à sua biocompatibilidade e capacidade de integração com os tecidos circundantes. No entanto, os Enxertos Aloplásticos oferecem vantagens em termos de disponibilidade, forma e resistência estrutural, nesse caso, a escolha do material de enxerto deve ser individualizada para cada paciente, levando em consideração as características do defeito e os objetivos estéticos e funcionais.

Resultados cirúrgicos, Complicações e Manejo Pós-Operatório:

Os resultados esperados mediante os procedimentos cirúrgicos de Reconstrução envolvendo o Rebordo Orbitário variam dependendo de vários fatores, incluindo a extensão da fratura óssea ou lesão local, a técnica cirúrgica utilizada, a qualidade do enxerto e a resposta individual metabólica de cada paciente. De um modo geral, o objetivo da reconstrução do Rebordo Orbitário é restaurar a simetria facial, preservar a função ocular e melhorar a qualidade de vida do paciente. Com uma abordagem multidisciplinar e cuidados pós-operatórios adequados, é possível alcançar resultados estéticos e funcionais satisfatórios a longo prazo. Como em qualquer procedimento cirúrgico, as Cirurgias de Reconstruções do Rebordo Orbitário estão associadas a riscos e complicações potenciais, podendo evoluir para quadros de infecção, hematoma, deiscência (rompimento) da sutura cirurgica, assimetria facial e reabsorção do enxerto. O manejo pós-operatório inclui o controle da dor, administração de antibióticos, acompanhamento clínico regular e em casos necessários, fisioterapia. Podemos dizer que a atuação precoce e o tratamento adequado em casos de complicações são fundamentais para garantir a segurança do paciente e resultados satisfatórios. As indicações pela correção secundária de fraturas Orbitárias são amplamente discutidas devido ao seu prognóstico incerto, além de não haver um consenso na literatura acerca das indicações absolutas para sua realização.

Considerações Finais:

As Cirurgias Reconstrutivas do Rebordo Orbitário em Cirurgia Craniomaxilofacial são procedimentos desafiadores que exigem uma compreensão profunda da anatomia Orbitária, além de habilidades cirúrgicas avançadas e uma abordagem individualizada para cada paciente.

Com uma avaliação pré-operatória abrangente, escolha cuidadosa dos materiais de enxerto, técnica cirúrgica apurada e manejo pós-operatório adequado, é possível obter resultados favoráveis e melhorar a qualidade de vida dos pacientes submetidos a esses procedimentos. Dentre as complicações provenientes das sequelas orbitárias, as principais são: Enoftalmo, Diplopia e Motilidade Ocular reduzida. Para finalizar esse artigo, podemos dizer que mesmo que a utilização dos enxertos autógenos serem considerados padrão ouro em Cirurgia óssea da Face, os materiais aloplásticos vem se tornando a primeira escolha para tratamento das correções secundárias, justamente pela sua biocompatibilidade, menor morbidade e tempo cirúrgico, além de maior capacidade em se moldar aos diferentes defeitos ósseos

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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